A Comunidade Judaica do Porto celebrará o “Dia Europeu da Cultura Judaica” no dia 3 de setembro, domingo. A organização espera receber um total de 10.000 pessoas, o dobro do que recebeu em 2022, e tem preparado o evento em estreita cooperação com a European Jewish Association.
“Trata-se do maior evento concentrado do género em toda a Europa”, afirma Isabel Lopes, neta do fundador da Comunidade, Capitão Barros Basto. “O programa inclui visitas à maior Sinagoga de Sefarad, Museu do Holocausto, Museu judaico, salas de cinema, galeria de pintura, biblioteca, garrafeira de vinho kosher e restaurantes comunitários. O público poderá assistir a conferências e familiarizar-se com artes tão distintas como a música, pintura, literatura, cinema, videografia, fotografia e gastronomia judaicas.”
O “Dia Europeu da Cultura Judaica” é celebrado nas principais cidades europeias, através de inúmeras atividades coordenadas pela Associação Europeia para a Preservação e Promoção da Cultura Judaica, pela B'nai B'rith International e pela Biblioteca Nacional de Israel. O objectivo do evento, de acordo com Isabel Lopes, “é dar a conhecer a história, religião, leis, costumes, princípios, símbologia e filosofia do povo judeu. Para o público, esta é uma oportunidade rara para conhecer as principais instituições judaicas da cidade que, com excepção do Museu do Holocausto, durante o ano só recebem alunos de escolas, professores e elementos da comunidade judaica”, conclui.
Eis a Programação completa:
Porto: domingo 3 de setembro 2023, 10h00-17h30
Museu Judaico do Porto
O Museu Judaico do Porto (página oficial) revela o que foram quatro milénios de história judaica no mundo e cerca de dois milénios no território que hoje é Portugal, até à actualidade. Valiosos objectos, documentos e filmes são dedicados à época de maior esplendor da comunidade judaica portuense, ao édito de D. Manuel, aos tempos inquisitoriais e ao retorno da comunidade nos séculos XIX, XX e XXI. Para além das salas museológicas com a história milenar da comunidade, o Museu dispõe de uma sala de prémios cinematográficos conquistados pela Comunidade, uma sala do antissemitismo moderno, uma sala dedicada à operação Yonathan, uma sala-garrafeira de vinho do Porto kosher e até uma sala de cinema.
O tema Inquisição
Três atrações são exibidas no Museu Judaico: a réplica de uma carroça-prisão que participou no filme "1618" (o mais internacionalmente premiado filme português de sempre e cujo trailer pode ser visto aqui), o livro “Sentinela Contra os Judeus” do Frei de Torrejoncillo (que descrevia os judeus como perigosos e tendo uma cauda) e um painel com os nomes das pessoas perseguidas no século XVI por “heresias judaizantes”. A Comunidade pagou o tratamento e a digitalização dos respectivos processos, que estavam em perigo de perdimento iminente.
Filme “Sefarad” no cinema do Museu Judaico
Exibição do filme “Sefarad”. Sessões às 10h30, 12h30 e 15h00. Trailer disponível aqui. “Sefarad” conta a história da comunidade judaica na cidade do Porto desde 1923 até à atualidade, com destaque para a acção do Capitão Barros Basto que juntamente com três dezenas de judeus ashkenazitas tentou erguer uma organização judaica forte na cidade. O Capitão foi vítima de denúncias anónimas caluniosas que levaram à sua expulsão do exército. Ficou conhecido como o “Dreyfus português”.
Conversa do público com Isabel Lopes, a neta do “Dreyfus português”
A cada exibição do filme “Sefarad”, segue-se uma conversa entre a plateia e a neta do Capitão Barros Basto, Isabel Lopes, actual Vice Presidente da Comunidade Judaica do Porto.
Museu do Holocausto do Porto
O Museu do Holocausto do Porto (página oficial), único do género na Península Ibérica, guarda os objectos que os refugiados deixaram no Porto em 1940 e retrata a vida judaica antes, durante e depois do Holocausto. Contém também uma reprodução dos dormitórios de Auschwitz e uma sala de nomes.
Filme “A Luz de Judá” no Museu do Holocausto
Durante a visita ao Museu do Holocausto do Porto, será apresentado um excerto da longa metragem “A Luz de Judá”, com passagens de refugiados judeus na Cidade do Porto. Com as suas vidas desfeitas, aqueles homens, mulheres, crianças e velhos queriam abandonar a Europa o quanto antes, para o mais longe possível. “Europa, nunca mais!”, diziam.
Conversa com Josef Lassmann, cuja mãe esteve no “Bloco 10” de Auschwitz
Às 15h00, o membro da comunidade Josef Lassmann estará disponível para conversar com a população sobre a experiência de sua mãe no Bloco tutelado pelo “Anjo da Morte”. Nacha Lassmann explicará em vídeo o que viveu. Quanto ao pai de Josef, nunca disse uma palavra sobre o que passou no Holocausto. Olhou apenas para a frente. Tinha 19 anos e toda a sua família estava morta.
Sinagoga Kadoorie Mekor Haim
Inaugurada em 1938, a Sinagoga Kadoorie é a maior da Península Ibérica, um centro judaico com duas salas de oração, pátios para suká, biblioteca, sala de estudo, mikvé para banhos rituais, restaurante, mercearia, bunkers de segurança e outros. No “Dia Europeu da Cultura Judaica” apenas o jardim, a sala de oração e a biblioteca estarão abertos.
Actuação do Coro Mekor Haim na sala de oração da Sinagoga
O Coro masculino Mekor Haim fará uma exibição, na sala de oração principal da Sinagoga Kadoorie, às 12h00, cantando músicas litúrgicas do vasto repertório que possui. O objectivo é partilhar melodias judaicas com a amistosa população da cidade.
Exposição de Pintura no 1.º andar da Sinagoga
São 15 grandes pinturas (1,5 metros x 1,5 metros) que retratam a história milenar da comunidade judaica na Cidade do Porto. Os pintores são portugueses e estrangeiros, coordenados pela pintora da Comunidade Judaica do Porto, Flor Mizhahi – judia sefardita nascida na Venezuela.
Exposição sobre o “Dia da Vergonha” na entrada da Sinagoga
Em 11 de março de 2022, a Sinagoga foi invadida por polícias como se fosse um prostíbulo. Os mandados estavam baseados em denúncias anónimas caluniosas de condenados e assaltantes. Tudo completamente falso. As sete indiciações eram tecnicamente impossíveis. As "ligações privilegiadas" realmente existiam, mas apenas entre alguns agentes de Estado, jornalistas e criminosos.
Caricatura gigante do caluniador anónimo
Existiu em todas as épocas. Actuou na antiguidade, na Idade Média, na Inquisição. Destruiu o capitão Barros Basto. Cuspiu na comunidade judaica do Porto em pleno século XXI. Pequeno, covarde e sujo de boca, o caluniador anónimo sempre atirou a pedra e escondeu a mão, beneficiando de autoridades decadentes que usam meios-homens e cartas-anónimas.
Restaurante kosher Ibéria
Localizado na rua do Campo Alegre n.º 676, este restaurante kosher da comunidade judaica do Porto estará aberto ao público em geral, convidando os visitantes a degustar a comida kosher israelita.
Restaurante kosher do Hotel da Música
Localizado no Mercado do Bom Sucesso, o restaurante kosher do Hotel da Música estará aberto ao público em geral, convidando os interessados a degustar a comida kosher judaica preparada com todos os rigores.
Oferta de Livro do centenário
A organização oferecerá aos mais interessados visitantes um exemplar do livro do seu centenário, intitulado "Dois Milénios de Comunidade Judaica do Porto, Cronologia 1923-2023"