Entrevistando David Garrett, membro da Direção da Comunidade Judaica do Porto

Entrevistando David Garrett, membro da Direção da Comunidade Judaica do Porto

David, olhando hoje para a Comunidade Judaica do Porto, de cuja direção é vogal para a legalidade regulamentar, o que mais lhe apraz destacar?

- A resposta é mais difícil do que a pergunta. Talvez o trabalho para honrar e enobrecer os que nos antecederam. O cemitério chama-se “Campo da igualdade Isaac Aboab”, o Museu Judaico abre com uma grande pintura de Abraham Zacuto, dedicamos uma longa metragem às vítimas da Inquisição, o museu da Shoá honra os familiares de membros da Comunidade que foram esmagados pelo nazismo, temos cooperado permanentemente com as famílias Pressman, Knikinsky, Finkelstein, Kadoorie e até dedicamos um filme ao Coronel Barros Basto.

A Comunidade tem conseguido promover o judaísmo, apesar de os judeus residentes em Portugal serem esmagadoramente pouco religiosos?

- Vamos a caminho do oitavo ano consecutivo com minian em Shabbat e Yom Tov, sem qualquer falha ou interrupção. Além da Sinagoga central, com duas salas de oração, temos uma para estudantes estrangeiros, restaurantes kosher, mercado, hotel, biblioteca, escola online e tudo o que torna fácil ser judeu no Porto. Até um campo santo para os mortos a Comunidade construiu. O último foi destruído no final do século XV.

Neste mês de março faleceu o mais antigo associado na Comunidade, Samuel Yanovsky. Qual foi a última coisa que ele lhe disse?

- Pediu-me para a Comunidade do Porto ajudar a Chabad-Portugal a crescer mais e mais. “Porque nós morremos e eles ficam cá com muitos filhos”, dizia.

A Comunidade Judaica do Porto tem boas relações com a Chabad?

- A Comunidade realizou, nos últimos anos, acções de solidariedade em mais de uma dezena de países e criou escolas, Sinagogas e mikvaot, quase sempre com parceiros Chabad. O próprio Chabad-Center de Portugal foi construído devido ao apoio da Comunidade. Nem a doação dos Kadoorie em 1933 para a Sinagoga do Porto pode ser comparada, em termos de escala, com o que a CIP/CJP fez pela Chabad portuguesa e mundial no século XXI.

Enquanto homem e dirigente, qual foi o momento mais marcante da sua vida comunitária?

- Foi ser o motorista da delegação da Comunidade que foi assinar um protocolo de amizade e cooperação com a Diocese do Porto. Os meus colegas entraram no Paço Episcopal. Fiquei no automóvel à espera deles.

Por que motivo nunca fala de si próprio? O reconhecimento social é importante.

- Dele não necessito. Sou um entre biliões, uma mísera parte do todo. Não me deslumbro comigo nem com ninguém.

O embaixador Raphael Gamzou recorda que na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim era recebido no portão pelo Rabino Daniel Litvak, que Isabel Lopes lhe falava sobre a organização e Michael Rothwell sobre os Museus, que o Rabino Yoel Zekri explicava a vida religiosa... e você só aparecia mais tarde integrado no meio de outros membros vulgares. Por que?

- Nunca dispus de poderes de representação institucional, gestão de contas ou condução da vida religiosa e cultural nas Sinagogas e equipamentos da organização.

As senhoras mais longevas da Comunidade – Marilyn Flitterman e Luísa Finkelstein – dizem que nunca sonharam em ver a grande Sinagoga Kadoorie cheia de judeus, museus construídos e cheios de crianças, pessoas a sair e a entrar da mikvé e tantas outras atividades. Afirmam também que nada disto teria sido possível sem o seu contributo.

- Acredito que o meu espírito possa ter influenciado alguns dos meus colegas. A meta da vida é fazer algo pelo mundo – bem e rápido, senão não se faz nada – sem nunca perder tempo com invejas, fofocas e vaidades. Isto é lepra.

O Museu do Holocausto foi construído em dois meses desde a ideia inicial até à inauguração. Como foi isso possível?

- Não conseguimos ser mais lestos. Toda a equipa de montagem ficou doente com o coronavírus.

Em termos culturais, nos seus mais distintos aspectos, como avalia a ação da CIP/CJP?

- É uma acção que não tem paralelo na Europa. Recebemos anualmente 50 mil adolescentes de escolas na Sinagoga e nos museus. Nas datas mais relevantes juntamos 1000 ou 1500 adolescentes ao mesmo tempo. Toda a história milenar da Comunidade está exposta em livros e nos filmes de que já falei, um dos quais é o mais internacionalmente premiado filme português de sempre. Temos uma galeria de pintura, coro masculino, museu judaico, sala de vinho do Porto e muito mais.

Por que motivo, em 2021, a Comunidade Judaica do Porto nomeou a Sochnut como legítima herdeira de todos os seus bens?

- Nunca na Europa um povo foi tantas vezes despojado do seu património.

Lendo a correspondência da Comunidade nos últimos anos, afere-se que grande parte do mundo judaico secular e religioso ficou atraído e encantado com a congregação. Rabinos-chefes de mais de uma vintena de países participaram em festas da Sinagoga principal. Fiquei particularmente impressionada com as cartas que vos foram enviadas pelos grandes magnatas judeus da época presente. Como sentiram essas mensagens de felicitações e de regozijo pela qualidade das vossas lideranças seculares e religiosas?

- Essas são as avaliações que contam e que se perpetuarão. Creio que não foi possível fazer mais. Pessoas altamente qualificadas, em áreas diversas, com vocações várias, quase imolaram as suas vidas e a integralidade do seu tempo a um projecto de tão grande magnitude e grandiosidade, com muita crença e um grande empenho.

O esplendor religioso e cultural que a Comunidade conseguiu atingir no espaço de uma década agradou às elites de Portugal?

- Desagradou a uma minoria. Aconselho a leitura da carta aberta que o presidente Gabriel Senderowicz publicou recentemente.

No passado dia 11 de março, um ano depois de a Sinagoga ter sido invadida por dezenas de policiais, a Comunidade Judaica do Porto celebrou o “Dia da Vergonha” com o acendimento das velas de uma menorá. Este dia será celebrado todos os anos?

- A Direção e a Assembleia manifestaram essa intenção.

Como descreve a operação policial em uma palavra?

- Inacreditável.

Nesse famoso caso que tanta tinta fez correr no mundo inteiro, com uma comunidade de um país quase sem judeus saltando para as páginas dos jornais associada às circunstâncias mais inesperadas, a pergunta que as pessoas fazem – quando não o afirmam mesmo – é se houve corrupção.

- Sim. De Estado e jornalística.

Antissemitismo?

- De estilo soviético, sim. Dois punhados de indivíduos que temporariamente fazem parte dos maiores poderes da sociedade fizeram tudo o que puderam para esmagar a organização judaica mais relevante do país, roubar os seus bens, avacalhar os seus líderes, macular as suas obras de mais de uma década e expulsar do país os seus membros e parceiros.

No livro do centenário, intitulado “Dois Milénios de Comunidade Judaica do Porto, Cronologia 1923-2023”, a Comunidade declarou oficialmente o fim do processo que presenteou a sociedade com a “Operação Porta Aberta”. O que quer dizer esta declaração?

- As sete indiciações são tecnicamente impossíveis. Portanto, o processo “Porta Aberta” nasceu morto, está findo, não é preciso esperar.

Mas os processos em Portugal continuam por anos e anos... às vezes mais de uma década.

- O Estado terá de improvisar novas indiciações, como fez com o Coronel Barros Basto. As anteriores eram um logro que foi inventado por ladrões, homicidas e condenados cuja missão de vida foi criar um problema muito grave ao país.

Os mandados de busca na Sinagoga, no museu e nas casas de dirigentes afirmavam que os certificados de origem sefardita dos requerentes eram emitidos pela empresa de construção do marido da Vice-Presidente. Que comentário merece esta situação?

- Espezinhou-se a Sinagoga e a Comunidade com base em argumentos deste calibre.

As autoridades diziam que o Rabino corrompia funcionários de Conservatórias que, afinal, ele nunca visitou, nem conhece ninguém lá. Chegou a pensar, pelo menos inicialmente que o Rabino conhecia pessoas em Conservatórias?

- Até ao último momento, pensei que Portugal não se tinha transformado numa savana. O Rabino é um homem independente, com a sua vida pessoal e profissional, os seus advogados, o seu médico, etc. Poderia ter conhecido alguém em Conservatórias e haver um mal-entendido a tal respeito. No entanto, nada disso aconteceu. Foi “uma tonteria”, como ele disse em castelhano.

Por que não é divulgado o famoso relatório do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN)?

- Provavelmente porque nada tem sobre as supostas investidas do Rabino para corromper Conservatórias. Imagino-o com malas cheias de ouro a distribuir riqueza pelos conservadores. Na Comunidade diz-se com graça que ele anda há anos com a mesma nota de €20,00 no bolso.

A corrupção atribuída ao Rabino seria ativa, do próprio Rabino, nas pessoas dos funcionários do IRN, mas o Rabino foi tratado por corrupto, juntamente com os líderes comunitários que algumas elites desejavam destruir.

- É a mesma escola da União Soviética. É só procurar quem é que politicamente bebeu deste leite.

É verdade que as autoridades alegavam que o Rabino não tinha conhecimentos técnicos para saber o que é um sefardita originário de Sefarad?

- Nem ele nem os demais Rabinatos reconhecidos pelo Grã Rabinato de Israel. Quem alegadamente tinha tais conhecimentos eram não-judeus do Brasil e de Lisboa, todos eles indivíduos que jamais poderiam tomar parte, por serem totalmente desqualificados, no processo de migração para Israel.

Durante sete anos, como é que a Comunidade operou em matéria de certificação de sefardismo dos requerentes?

- O Rabino Litvak e o presidente Senderowicz já falaram sobre esse tema. Remeto para o que eles disseram:  

Interview with the Chief Rabbi of the Jewish Community of Oporto, Rabbi Daniel Litvak

The Jewish community of Oporto’s criteria for Sephardic certification over a seven-year period

As autoridades afirmaram que o Rabino forjara a origem sefardita de um bilionário cuja família tem nomes como Rosa e Leão e cujo sefardismo, afinal, fora certificado na origem. Quando é que o David soube deste concreto caso de certificação?

- Exactamente 13 dias depois de o requerente ter sido, aliás correctamente, certificado.

Foi uma desilusão para os fabricantes do processo? Você era o grande alvo...

- Desejo-lhes uma cordial shalom alechem.

As autoridades também alegavam que o Rabino forjara a origem sefardita de um israelita francês que, afinal, havia sido certificado pela Comunidade de Lisboa. Pediram desculpa pelo erro escandaloso?

- Em Portugal não se pede desculpa. O jogo continua como se nada fosse. Felizmente não desataram a correr para invadir a Sinagoga de Lisboa. As ordens eram claras: Porto.

Procurou-se desonrar e deslegitimar os líderes da Comunidade Judaica do Porto?

- Ao máximo. Gritaram e saltaram. Portugal foi transformado no jornal da caserna, com um punhado de pessoas indecentes a puxar a carroça, enquanto jornalistas e polícias tiravam apontamentos. Uma anedota.

Como comenta que tenham sido procuradas malas com dinheiro na casa da Vice-Presidente da Comunidade, neta “Dreyfus Português?

- Deu muito trabalho. A Isabel tem 40 malas de viagem.

Por que não foram, ela e o marido, constituídos arguidos?

- Não se pode constituir arguidos com base em denúncias anónimas.

Mas você foi...

- Foi uma diligência ilegal que alguns politicantes e jornalistas aguardavam ansiosos para fazerem uma festa com o “segundo arguido”. Outrora andei dois anos para que uma Procuradora fosse constituída arguida. Quando isso aconteceu, o Procurador Distrital pediu-me para a perdoar, o que fiz logo. "Claro. Mas se fosse ao contrário, ela não me perdoaria".

Deu trabalho a busca na sua casa?

- Nenhuma. Recebi as pessoas com um “bem-vindos”. Já tinha as capas à entrada para levarem. Talvez procurassem sefarditas a fugir pelas janelas, mas só viram livros por todo o lado.

Teve algum contato com essas pessoas anteriormente?

- Não sabiam quem eu era, onde trabalhava, onde morava. Visitaram um escritório de advocacia onde não vou há vinte anos. Andaram perdidos no meu prédio. A única coisa que sabiam é que eu era a “peça de caça”.

O que achou das intenções dos magistrados naquele dia quando o visitaram?

- Pessoas com carreiras excelentes e sem mácula ao serviço da nação. Alguém as colocou naquela situação, a fazer 700 quilómetros, ida e volta, desde Lisboa. Este processo nunca será um orgulho para ninguém, mas um problema que uns armaram e endossaram a outros que no final serão os “cristos”, como se diz em português.

E os policiais?

- Os do Porto impecáveis; os de Lisboa também, mas com peso na consciência. Nada batia certo naquelas denúncias anónimas. Mas cumpriam ordens e não podiam desistir dizendo “Isto é um aborto”.

Nos processos políticos, tudo se usa para destruir, com cola a cuspo. Sei que fez questão de doar 12 anos das suas comunicações à polícia. Porque o fez?

- Para mostrar uma vida útil, de trabalho e de família. A minha vida é estudar e trabalhar. Estou muito desatento em relação ao que se passa na sociedade. Não sabia que o regime político tinha atingido este ponto de degradação moral.

No ano passado, faleceu um antigo associado da Comunidade, Eliezer Beigel. Falou com ele sobre a “Operação Porta Aberta”?

- Não. A Isabel diz que “felizmente o Sr. Beigel faleceu poucos dias antes da invasão da Sinagoga, senão isso teria sido uma dor insuportável para ele”. E teria. Poucas semanas antes, esteve a ensinar-me a fazer pão numa máquina e disse-me que temia que o sistema me cortasse a cabeça.

O que lhe respondeu?

- “O sistema não sabe lidar com homens independentes.”

Como avalia as imputações que os jornais lhe dirigiram à sombra de fontes anônimas?

- Ouvi falar. Há décadas que não estou a par das notícias.

Tem um jaguar hoje?

- Tinha um Audi A8 há 20 anos, um BMW 735 há uma decada... Não evoluo. As minhas bibliotecas também não cresceram muito.

Casado no judaísmo às mãos de um dos grandes Sábios de Israel e com filhos judeus, como se sente por lhe terem chamado cristão?

- As conversões forçadas ao cristianismo foram em 1497.

O Coronel Barros Basto era chamado de “panteísta” pelo jornal “A Voz”.

- É uma coincidência. Não me compare com o Coronel. Ele era o Presidente da associação, eu sou um modesto vogal.

Ao fim de mais de uma década de trabalho em prol da Comunidade Judaica do Porto, juntamente com os valorosos correligionários, Barros Basto e David Garrett foras alvos de denúncias anônimas caluniosas que lhes imputavam falsamente os então crimes da moda (1934-1936, 2020-2022).

- Os medíocres existem em todas as épocas.

Em ambos os casos, as denúncias anônimas caluniosas tinham na sua base as mais baixas mediocridades, invejas assassinas e falsas acusações de comportamento violento e de desvio de donativos que judeus estrangeiros enviavam para o Porto para os projetos da Comunidade.

- Por trás de acusações tão primárias não poderiam estar pessoas elevadas. Acabam no balde de lixo da História.

Das denúncias resultaram processos criminais (em 1936 e 2022) com o objectivo de arrastar os visados para os tribunais durante anos, destruir as suas vidas e abater uma Comunidade judaica altamente próspera em termos de vida religiosa e cultural.

- Reconheço que o padrão é o mesmo. O resultado será diferente.

Barros Basto e David Garrett nasceram em 18 de dezembro, no mês hebraico de Tevet. Barros Basto era extrovertido e indiscreto. David Garrett era introvertido e discreto. O destino de ambos foi similar.

- Nasci em 10 de Tevet, o Coronel em 4 do mesmo mês. Cuspiram-me, sim. Mas repito que não decidirão o meu futuro.

É verdade que uma advogada-notária foi incomodada por causa do seu apelido?

- Sim. Também lhe assaltaram a casa, para tentar ligá-la à Comunidade. A desgraçada nem sabia o que é um judeu sefardita.

Como é que os ladrões descobriram o nome dela?

- Num outro assalto praticado no escritório de uma advogada que trabalhava para membros da Comunidade e a quem roubaram o servidor. A notária fazia certificações de traduções de árabes no escritório dessa outra advogada, o que foi confundido pelos ladrões com “certificações CIP/CJP”.

A polícia passou a andar atrás dessa tese atoleimada?

Andou assim por meses. Às tantas ainda anda, porque ainda ninguém pediu desculpa às senhoras.

Também a Presidente do SIRESP foi assaltada. Roubaram-lhes dois computadores.

- Uma equipa voluntariosa tudo fez para “produzir material” para – anonimamente, cremos – enviar para a polícia, que por sua vez actuava sob pressão política para conseguir alguma coisa, por pequena que fosse. Ao museólogo chegaram a perguntar se porventura “conhecia alguma ilegalidade”.

Em novembro de 2022, um jovem francês, juntamente com a mulher, foi alvo do que se crê ter sido uma tentativa de assassinato um dia depois de ter pedido ao Parlamento para o Estado nunca mais atacar a Comunidade judaica do Porto com uso de denúncias anônimas de condenados e de assaltantes.

- Ele é um Cohen de Djerba. Não é um "filho de Israel" como eu ou você, nem um levita, nem um simples Cohen. A grande Sinagoga de Djerba foi construída com objectos do Templo de Salomão.

Quem ordenou crimes tão graves? Movimentos internacionais de cariz político ligados a nações que odeiam Israel? "Portugueses portuguesinhos" que aproveitaram uma onda política de meia dúzia de pessoas para "colaborarem" oferecendo informações e destruindo tudo o que pusesse em causa a tese que montaram? Uma mistura de tudo isto?

- Prefiro não responder.

Como é que as autoridades portuguesas continuam a proteger religiosamente denúncias anônimas que afinal andaram meses a ser partilhadas por políticos, jornalistas, influencers e os criminosos que foram os autores das mesmas?

- A sua pergunta encerra a resposta.

Quando a operação policial ocorreu com escândalo, o Museu Judaico do Porto logo prometeu expor os primeiros volumes do processo, com as famosas denúncias anônimas. A Direção mantém essa intenção?

- Todo esse lixo será exposto pelas paredes. É uma promessa sem subterfúgios.

Os autores das denúncia anônimas e todos quantos as valorizaram e promoveram com propósitos indignos vão ser lembrados?

- Com nomes e fotografias. Em maio, a Assembleia mandou construir uma sala dedicada ao moderno antissemitismo, que foi inaugurada em junho e já recebeu milhares de visitantes. Os novos dados vão enquadrar-se ali.

Não acha estranho o completo silêncio da comunicação social em relação à vida cultural e religiosa da organização, à inauguração da sala do antissemitismo moderno, à queixa à Procuradoria Europeia, à exigência de uma investigação internacional à parceria entre agentes de Estado e criminosos, à declaração oficial de encerramento da “Porta Aberta”, à celebração do “Dia da Vergonha”, ao vídeo lançado nesse dia intitulado “Antissemitismo de estilo soviético em Portugal” e outros?

- O silêncio é explicável. Para afrontar certas elites é preciso não depender delas, não receber subsídios do Estado, não ter medo e muito mais. Nós estamos nessas condições.

O que pensa sobre a total apatia dos políticos de todos os quadrantes perante a campanha caluniosa que visou abater a Comunidade? Ninguém pediu sequer contenção.

- A resposta é a mesma.

Depois da “questão-palestina” que abriu as hostilidades contra a Comunidade, da violência da imprensa e da operação policial e do constante tráfico de informações, denúncias e teorias da conspiração, como vai a Comunidade defender-se?

- Em Estado de Necessidade. Os valores que salvaguardamos com a nossa actuação são muito superiores aos que o Estado visa defender. Provaremos isso em qualquer lugar.

A Comunidade também recebeu denúncias anônimas?

- Estão sob avaliação noutros lugares.

Ponderam o seu uso?

- Se forem consistentes com outros elementos, sim. Não vamos agir ao estilo da “Porta Aberta”. Não se pode destruir os nomes de pessoas e instituições, para depois se investigar e fazer perguntas.

Haverá uma investigação internacional, como a Comunidade pediu?

- Claro que sim. Um dia falaremos sobre isso.