Na noite de sábado, pela primeira vez, a Comunidade Judaica do Porto assinalou o “Dia da Vergonha” acendendo as velas de uma menorá em frente à Sinagoga Kadoorie Mekor Haim e lançando no YouTube um vídeo intitulado “Antissemitismo ao estilo soviético em Portugal".
A data marcou o primeiro ano desde que a Sinagoga foi invadida por um grande número de polícias devido à alegada emissão fraudulenta de certificados de origem sefardita que permitiam a obtenção da nacionalidade portuguesa. Os mandados de busca à Sinagoga do Porto basearam-se apenas em denúncias anônimas de condenados. Todas as acusações contra a Comunidade eram tecnicamente impossíveis.
Os mandados diziam que os líderes religiosos e laicos da Comunidade eram suspeitos de furtar o dinheiro das taxas cobradas aos judeus de origem sefardita, que os certificados de origem sefardita eram emitidos pela construtora do marido da Vice-Presidente, que este emitia facturas falsas à Comunidade, que o Rabino Chefe da Comunidade subornou funcionários de Conservatórias que nunca visitou e que forjou a origem sefardita de um israelita francês que tinha, de facto, sido certificado, e com razão, pela Comunidade de Lisboa, e de um israelita russo que de fato havia sido certificado, e com razão, pelo Rabinato de origem. Ao mesmo tempo, a polícia tentou encontrar "malas com dinheiro" na casa da Vice-Presidente da Comunidade, que é neta do fundador, Capitão Barros Basto, conhecido mundialmente como o “Dreyfus Português”.
O "Dia da Vergonha" ficará marcado todos os anos como um espectáculo antissemita que se fez “BASEADO EM NADA”, nas palavras do Tribunal da Relação a 27 de setembro. A Comunidade Judaica do Porto foi caluniada em todo o mundo, em 200 países, e nunca recuperará seu bom nome.
O vídeo agora publicado recorda que a campanha antissemita para destruir a imagem respeitável da única comunidade judaica forte em Portugal e a "Lei dos sefarditas" (que na verdade foi destruída sete dias após a operação policial) começou em 2020 com uma “questão-palestina” do Ministro das Relações Exteriores. Aos poucos, denunciadores anônimos com condenações, meia dúzia de jornalistas fervorosos e influenciadores com histórico de antissemitismo, juntaram-se à campanha, tal como ladrões que roubaram escritórios e residências, e até assassinos.
A Comunidade Judaica do Porto é composta por cerca de mil judeus provenientes de 30 países. A comunidade tem três sinagogas, um Museu do Holocausto, um Museu Judaico e restaurantes kosher. Num dos seus programas de combate ao antissemitismo, a Comunidade Judaica do Porto produziu o filme “1618” sobre a história da Inquisição na cidade. Companhias aéreas de países árabes adquiriram os direitos de exibição do filme.