1. A Comunidade Judaica do Porto publicou, nos últimos dias, o primeiro volume de um livro intitulado “The Plan! - Jewish life threatened in Europe” que desmonta um golpe falhado, por parte de elites de Lisboa, de destruição das realidades judaicas mais significativas de Portugal, designadamente a comunidade judaica mais forte e a lei que concedia a nacionalidade aos judeus de origem sefardita.
2. O escrito referido pouco fala do líder do governo sob a égide do qual as linhas mestras do golpe foram delineadas, mas logo veio a Direção de outra Comunidade fazer um comunicado lembrando a necessidade que o governo teve de mudar a lei da nacionalidade “na sequência de alarme público sobre notícias que davam conta de alegados abusos”, “por pressão do escrutínio público e pressão mediática”. Isto é completamente FALSO e uma vergonha para quem se permitiu redigir tal aberração.
3. Na verdade, as notícias sobre os “abusos” ocorreram a partir de 18.12.2021, um ano e meio depois de a discussão sobre a lei se ter iniciado de forma canalha no parlamento em maio de 2020. “É um caso Dreyfus!”, escreveu então à Comunidade Judaica do Porto o Dr. José Carp, de abençoada memória. As ditas notícias ocorreram no mesmo mês de dezembro de 2021 em que a comunidade Judaica do Porto rejeitou por inconstitucional um projeto de regulamento do governo (06.12.2021).
4. Acresce que os “abusos” que foram noticiados e que levaram à invasão ilegal da maior sinagoga do país visavam principalmente um multimilionário certificado pela Comunidade cujo “comunicado” agora se contesta e hoje visam três cidadãos não-judeus colombianos (já constituídos arguidos) do estilo Padre Jesus da Colômbia, certamente da mesma Comunidade, uma vez que a do Porto sempre certificou apenas os judeus de origem sefardita.
5. Não se negam os carinhos do ex-chefe de governo para com a comunidade da capital e funcionários e para-funcionários dos poderes instituídos, mas é pelo menos patético dar relevo a uma reunião de 2024 (já com o governo demitido e uma ambição conhecida do ex-Primeiro Ministro por um cargo na Europa) quando uma outra foi por duas vezes negada pelo silêncio, em 2020, a pedido do Dr. José Carp, quando as comunidades mais precisavam de falar com o chefe do governo. “Ouçam-nos!” – escreveu então Esther Mucznik.
6. O “comunicado” garante que a reunião de 2024 com o ex-chefe do governo serviu para tratar da substituição do coordenador para a promoção da vida judaica, Prof. Bacelar Vasconcelos (o que não faz sentido, uma vez que o Prof. já afirmou publicamente que renunciou ao cargo com a queda do governo em 2023) e invoca-se “a sua falta de empenho e compromisso”, o que é FALSO novamente, uma vez que o mesmo foi figura sempre presente onde havia vida judaica real. Visitas constantes à sinagoga do Porto (onde passou mesmo o Yom Kipur junto de uma congregação reunida de 700 pessoas), visitas ao museu judaico com discursos aos presentes, visitas ao museu do Holocausto na presença de milhares de crianças, presença no cinema da Comunidade para assistir aos filmes de história produzidos por esta, refeições kosher nos restaurantes da organização, e assim por diante.
7. Não se deve fazer comunicados sobre um livro que se não leu, muito menos continuar a fazer más figuras que serão registadas pelos meios adequados.
Porto, 8 de julho, 2024.
Pela Direção