O Diário de Notícias acaba de publicar uma reportagem sobre a vida religiosa, cultural e educativa da Comunidade Judaica do Porto. A leitura entretém e traz uma novidade: é imparcial. O jornal visitou a organização e escutou a voz das suas autoridades legítimas. Desta vez não foram ouvidos jogadores políticos ao virar da esquina, nem cadastrados com mão para as cartas anónimas caluniosas.
Três sinagogas, uma das quais para jovens. Um Museu do Holocausto, descrito na notícia como um dos espaços museológicos mais procurados da cidade. Um museu judaico que honra a história judaica. Cinema. Filmes. Um hotel kosher para promover o turismo judaico. Restaurantes. Lojas. Um cemitério. A comunidade continua a crescer, com gente de todo o mundo e unindo as Civilizações.
Um milhar de pessoas. Vida judaica. Literatura. Pintura. Música. Gastronomia. Memória. Séculos de judiaria portuense. Carroças-prisão. O choro das vítimas da Inquisição. Até existe um “Dreyfus” por reintegrar no exército. Foi envenenado na Flandres e expulso do mundo militar português por ser judeu. Há muito deixou este mundo. Mas a sua força decuplicou, à conta da infraestrutura comunitária que hoje alegra os corações bons e corrói os medíocres.
Quis a Providência que a referida reportagem fosse publicada na véspera do Yom Kipur. A maior sinagoga da Península Ibérica prepara-se para acolher um evento sentimentalmente arrebatador. Foi animador acordar com mensagens de cidadãos comuns que pensam que o Estado está obrigado a proteger a realidade judaica de grande magnitude que existe na cidade do Porto.
A “Mekor Haim” (Fonte de Vida) conheceu muito sofrimento. A comunidade foi destruída na década de 1930. Houve denúncias anónimas da ralé. Os crimes da moda. As festas do horror em Lisboa. Jornais ao serviço. O maior responsável da comunidade foi chamado de "desviado e panteísta" e os refugiados de "comunistas com ligações a Moscovo". Perseguição. Corrupção de Estado. Autoridades desqualificadas de marreta na mão. Assim foi destruída a comunidade. Por décadas. Até ao século XXI. Mas um dia a chama judaica regressou com mais força.