Shalom alechem.
A Comunidade Judaica do Porto constituída por judeus de trinta nacionalidades para os quais Israel é a sua pátria histórica e espiritual repudia veementemente as declarações do Major-General Agostinho Costa, especialista em assuntos de segurança, produzidas na CNN Portugal, na noite de 16 novembro, entre as 23h16 e as 23:31.
Recorrendo a sites alternativos de internet como modelos de verdade absoluta, o Major-General Agostinho Costa declarou que “mais de metade dos civis mortos [em 7 outubro] não foram mortos pelo Hamas, mas pelo exército israelita”, "as forças armadas israelitas quando chegaram, no dia 7 e dia 8, depois daquela enorme confusão, e na dúvida matamos toda a gente”, “é um pouco como Arnaud Amalric na na Cruzada contra os Cátaros: matamos-los a todos porque Deus saberá distingui-los“, “o exército israelita chegou e liquidou tudo e todos”, “portanto uma boa parte dos 1200 mortos não foram mortos pelo Hamas”.
A comentadora Diana Soller, estupefacta por ouvir afirmações tão chocantes num canal de televisão como a CNN, procurou rebater o Major-General, mas este logo rematou com autoridade: “Eu mostro-lhe as fotos!”
A Comunidade Judaica do Porto solicita à administração da CNN Portugal que não permita que algo tão grave volte a repetir-se, posto que um telespectador menos avisado, ao ouvir o Major-General, fica convencido de que só os reféns não terão sido raptados e levados para Gaza pelas forças armadas israelitas, porque do mais, a maioria dos jovens no festival de música, a maioria das famílias inteiras chacinadas nos kibutzim, nas estradas e em todos os lugares, a maioria das crianças e das mulheres esventradas e violadas nas casas onde dormiam, enfim, a maioria das vítimas de todas as violências que a imaginação pode alcançar, foram mortas pelo exército israelita.
O terrorismo do esquartejamento que perseguiu os judeus e os israelitas em todas as épocas, teve sempre uma explicação contextualizada por parte das classes falantes. O mesmo acontece agora com o 7 de outubro. Tudo é muito simples nas palavras do Major-General: "O que o Hamas foi fazer foi devolver a Israel aquilo que Israel faz impunemente”, “a táctica de Israel, e também do mundo ocidental em certa medida, é: primeiro deslegitima-se o adversário, depois desumaniza-se o adversário e depois líquida-se o adversário. É o que estamos a fazer em relação ao Hamas.”
Lamentavelmente.
A Direção da Comunidade Judaica do Porto, Portugal.