José Oulman Carp Z”L. Notável Judeu Português

José Oulman Carp Z”L. Notável Judeu Português

Os olhos azuis céu foram ao encontro de D’us. Hoje. José Oulman Carp partiu para a dimensão dos reis. Dedicado, empenhado, entusiasta, de fino trato, enobreceu ao mais alto nível a comunidade judaica portuguesa.

A sua biografia familiar recente é história viva. Marrocos, Gibraltar, Açores, Lisboa. Já num estado de doença avançada, esteve em Ponta Delgada e foi à Shaaré Tikva na noite de Yom Kipur. Despediu-se da terra da sua raiz e da linda sinagoga, a sinagoga que a sua família ergueu, a sua sinagoga.

Membro destacado da Comunidade Israelita de Lisboa (da qual foi Presidente durante duas décadas) manteve sempre o contato fraterno com amigos em todas as outras comunidades judaicas de Portugal, mesmo nas circunstâncias mais sensíveis. Viu crescer muitas gerações. Assistiu a reconfigurações no panorama do judaísmo nacional. Esteve sempre atento às notícias do estrangeiro. Viu o quanto a história se repete. Deixou escritos os seus sentimentos. Pôde avaliar. Pôde aconselhar.

A Comunidade Judaica do Porto anunciou hoje, por via da Vice Presidente Dara Jeffries e do Vogal David Garrett, que "a família de José Carp terá sempre amigos portuenses que não esquecerão quem tinha todas as qualidades que podem ser reunidas num homem bom: humilde, culto, sociável, justo e com um discurso sempre positivo. Um homem consensual e rico no verdadeiro sentido da palavra. Baruch Dayan HaEmet, Chaver."

O seu amor por Portugal nunca esmoreceu. O seu fervor por Israel esteve sempre vivo. O pequeno Estado pautou a sua vida desde 1959, quando esteve ali pela primeira vez, aos 15 anos. Morou e trabalhou na pátria espiritual de todos os judeus. Atravessou a guerra dos 6 dias, em 1967, quando a capital de Israel voltou a ser judaica.

"Hoje já podemos falar sem medo, pois temos Israel!" – dizia sempre –, longe de imaginar que haveria de falecer numa época em que a última resistência dos judeus (o Estado de Israel) luta contra o terrorismo do esquartejamento que perseguiu o pequeno povo desde o tempo do deserto. Dessa luta José Carp não poderá participar, mas outros a ganharão em nome de Eretz Israel, em nome de Am Israel e em nome de pessoas como ele.